O médico cascavelense Augusto Fonseca usou a Tribuna da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) para pedir o apoio dos deputados paranaenses a sua luta em favor de mudança na regulamentação da Aviação Experimental no Brasil. Durante sua explanação aos parlamentares, ele fez um relato emocionante dessa batalha, que começou em 2015 com a morte em um acidente aéreo de seu filho caçula, Vitor Augusto, 19 anos, em Toledo. Ele participou da sessão ordinária da última segunda-feira (08) a convite do deputado Marcio Pacheco (PDT).
O médico cascavelense fez um relato do acidente e da luta que vem travando com as autoridades da aviação e os fabricantes de aeronaves para mudanças de regras a fim de tornar o setor mais seguro. Ele conta que o acidente aéreo foi um divisor de águas em sua vida e também da família.
Desde então, o médico cascavelense, que é psiquiatra e um experiente piloto de avião e helicóptero, transformou o luto em luta na tentativa de explicar o que aconteceu com o avião que seu filho pilotava, um anfíbio Super Petrel LS.
A aeronave teve problemas técnicos, caiu e espatifou-se próximo do aeroporto de Toledo. Dr. Augusto deixou a medicina de lado e passou a se dedicar numa profunda investigação sobre as causas do desastre aéreo. Foram anos de pesquisas atrás das respostas.
Os dados foram condensados no livro Asas da Morte, lançado pelo médico em dezembro de 2018. A obra revela o inconformismo com a tragédia, que, segundo ele, poderia ter sido evitada, caso o fabricante do avião anfíbio Super Petrel LS cumprisse as normas técnicas para a troca de um equipamento.
O médico apurou durante a investigação que foi um pequeno fragmento da mangueira, que não foi trocado pelo fabricante, que se soltou e bloqueou a passagem de combustível. “Foi um cisco que matou o meu filho. Isso podia ter sido evitado, ou seja, não foi um acidente”, afirma o médico.
Ele já apresentou a denúncia à comissão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Tal fato também o motivou a fundar em 11 de novembro de 2015, a Associação Brasileira de Vítimas da Aviação Geral e Experimental (ABRAVAGEX), com o objetivo de promover auxílio financeiro, psicológico e até investigativo para outras vítimas de acidentes com aeronaves.
Dr. Augusto também passou a ministrar palestras contando sua história, bem como alertando sobre os riscos da aviação experimental. A presença dele na Alep faz parte dessa batalha em favor de mudanças na regulamentação da Aviação Experimental no Brasil.
No ano passado, o médico cascavelense foi um dos convidados a participar da Comissão de Especialistas de Reforma do Código Brasileiro de Aeronáutica em discussão no Senado Federal. Na oportunidade, ele apresentou documentos que mostram omissões e brechas na atuação da Anac.
“Nós queremos que haja uma legislação responsável sobre a aviação em geral para que vidas sejam poupadas”, diz.
Para o deputado Marcio Pacheco, a luta do Dr. Agusto em favor da regulamentação da Aviação Experimental merece todo o apoio da Assembleia Legislativa.
“São denúncias graves de irregularidades no setor e pautadas em documentos oficiais. Os aviões estão passando pelas ‘nossas cabeças’ todos os dias e a gente, como representante do povo, tem que se preocupar com as questões de segurança e não permitir que fatos como esses não aconteçam”, afirma Pacheco.
