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1ª Conferência Estadual sobre o Autismo reúne mais de 600 pessoas de 16 municípios em Cascavel

Evento realizado ontem (22/11) na Unipar foi presidido pelo deputado Marcio Pacheco

Com o auditório da Unipar lotado, foi realizada ontem à noite (22/11) a 1ª Conferência Estadual sobre o Autismo. Totalmente gratuito, o evento, organizado pelo deputado Marcio Pacheco (PPL) e com o apoio de diversas entidades, propôs uma troca de conhecimentos e experiências a partir da abordagem de temas relacionados ao autismo, também conhecido como TEA (Transtorno do Espectro Autista), abrangendo desde a saúde, educação até legislação, terapias e inclusão escolar.
Voltado para profissionais das áreas de educação, saúde e assistência social, representantes de entidades sociais e familiares de autistas, o evento contou com o apoio da Comissão de Educação da Alep (Assembleia Legislativa do Paraná), Comissão de Educação da Câmara de Vereadores de Cascavel e Unipar.

O tema proposto atraiu mais de 600 pessoas oriundas de 16 municípios, sobretudos do Oeste do Paraná. De acordo com o deputado Marcio Pacheco, a realização da Conferência atende a sugestões e reivindicações de entidades e pais de autistas a fim de fomentar cada vez mais o diálogo sobre o tema.

“É uma imensa alegria realizar uma Conferência dessa envergadura e gratuito. Isso tudo não se realiza sozinho”, diz Pacheco, que agradeceu os colaboradores envolvidos na organização do evento. O deputado revela que se engajou na luta em prol dos autistas, depois de conhecer e entender a realidade das famílias que convivem com uma pessoal especial em casa.

Sensibilizado por mães que o procuraram para falar sobre a gravidade e a dimensão do TEA, o parlamentar protocolou cinco projetos de lei na Assembleia Legislativa do Paraná. As propostas tratam desde a realização de um censo para identificar o número de autistas até melhoria no atendimento na rede pública.

Para Pacheco, o maior desafio é vencer o silêncio do Poder Público e da própria sociedade, “uma vez que qualquer pessoa autista tem direito à plena convivência, tanto na escola, quanto na sociedade, assegurado por lei.”

Palestras

Com enfoque na abordagem multidisciplinar, a 1ª       Conferência Estadual ofereceu duas palestras abordando temas como diagnóstico, inclusão, leis e políticas públicas. O professor de Direito Constitucional e Administrativo, Pascoal Muzelli Neto, abriu a fase de palestras, com os temas aspectos constitucionais, legislação e ações para proteção judicial ao autista.

Durante a fala, Pascoal destacou a importância para as pessoas conhecerem a legislação que trata o assunto. “Os direitos que eles (autistas) têm perante os planos de saúde, isenções fiscais para a aquisição de automóvel, não pagam passagem aérea, para o acompanhante do autista, além de uma série de condições de tratamento disponíveis, mas é desconhecida da maioria das pessoas. Dentre eles uma alimentação especial e até compra de medicamentos. Muitos desses direitos podem ser obtidos por meio de ações judiciais”, revela.

Para Pascoal, a legislação que compreende o autismo é protetiva, “pois permite à pessoa com o transtorno ou representante legal receber benefícios do Estado, uma vez que o tratamento é longo”.

A segunda palestra foi ministrada pela diretora do Centro de Diagnóstico e Intervenção do Neurodesenvolvimento e mestranda em Análise Aplicada do Comportamento pelo Florida Institute of Technology, Amanda Bueno dos Santos, discorrendo sobre a Ciência do Tratamento do Autismo, Como os Pais podem ser Ativos no Processo e Como Treinar profissionais na Saúde e na Educação.

Amanda revelou que a compreensão e a informação sobre o TEA são fundamentais para formar o diagnóstico e o tratamento. De acordo com ela, há muita desinformação espalhada pela internet sobre o tema.

“Por isso, a gente deve escolher a ciência no tratamento do autismo e investir nessa área para obter garantia de retorno e termos cidadãos independentes na sociedade”, afirma Amanda.

De acordo com ela, os pais têm um papel importante nesse processo tanto de educação quanto de terapia. “Eles (pais) podem ajudar a melhorar a funcionalidade da criança, do adolescente e do adulto em casa”, diz. Amanda também ressalta a necessidade de treinar os professionais de educação e saúde.

“Nós precisamos que Estado se aproxima cada vez mais de padrões internacionais de tratamento sobre o autismo para tentar mudar a vida dessa população, que é tão vulnerável”.

Experiência maternal
Mãe de um jovem autista, de 6 anos, Márcia Muxfedl participou do encontro com um depoimento emocionante. Ao compartilhar sua vivência ao lado do filho, Márcia afirmou que a participação e o apoio da família são fundamentais para o desenvolvimento e, principalmente, a inclusão social.

“Quando você descobre que vai ser mãe, você sonha com a primeira palavra, a formatura…Tudo perfeito. Até que percebe que há algo errado e chama pelo nome, ele não atende e parece que nem sente a sua falta…Ele se joga no chão, chora e ri em momento inapropriado. Aí você descobre que seu filho é autista. O mundo desaba e aquele sonho planejado nunca será realizado. E agora? Por quê eu? Onde eu errei?”, relata Márcia.

“Você sofre e chora e se desespera ainda mais quando pensa nunca sociedade cheia de preconceitos”, complementa. De acordo com Márcia, ainda são poucas as escolas e professores preparados para atender os autistas, visando a inclusão escolar e social.

Após a apresentação dos conteúdos, o encontro foi encerrado com a confecção de um documento.

Autoridades presentes:

Secretário de Ação Social de Cascavel, Hudson Moreschi Júnior;

Vereador Jaime Vasatta;

Diretor da Unipar: professor Gelson Luiz Uecker;

Diretora do Centro de Apoio Convivência e Defesa dos Direitos dos Autistas em Cascavel: Idilsa Fermo;

Promotor Luciano Machado;

Psiquiatra Julia Farage Saito;

Neurologista pediátrico Talvany de Oliveira

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